Arno Rafael Minkkinen

O que acontece dentro de sua mente, pode acontecer numa câmera As imagens de Arno Rafael Minkkinen refletem a preocupação do artista em várias dimensões da fotografia que ele tem explorado desde o início dos anos 70’ como a corporalidade, paisagem, cidade, retrato e autorretrato. Formado na conceituada Rhode Island School of Design teve como influencias seus professores Harry Callahan and Aaron Siskind. Outra importante referencia foi a foto de Diane Arbus “Homem aposentado e sua esposa em casa em um campo de nudismo uma manhã”. NJ, 1963, que mostra uma casal sentado na poltrona da sala de estar posando para Diane. Arno esta ligado a história do autorretrato assim como o pioneiro Hippolyte Bayard em 1839, e a longa tradição do gênero como Lee Friedlander, Lucas Samaras, Robert Mapplethorpe, Francesca Woodman e Cindy Sherman. No seu primeiro autorretrato em setembro de 1971, Arno tirou a roupa em frente a um espelho antigo para um workshop que fazia e nunca mais parou. Importante ressaltar que nesta época o território do autorretrato e do nu masculino ainda não se fazia presente na fotografia contemporânea. Literalmente imersa na natureza, as imagens mostram Rafael queimando nos campos de gelo, submergindo na água, pendurando nos precipícios, integrando-se aos desertos, rios, florestas e montanhas, dissolvendo-se nos lagos, interagindo com as cidades ou simplesmente desaparecendo na paisagem. A sua coreografia original e criativa para cada imagem levanta diversas questões: como ele consegue controlar seu corpo e sua mente? Como ele se posiciona? Que espaços e brechas este corpo ocupa? Minkkinen explora o corpo ou partes dele como forma de conexão poética e abstrata, chegando ao ponto de suas pernas e braços, muitas vezes parecerem desmembrados, fundindo ao entorno ou transcendendo as fronteiras entre o céu, a terra e a água. Arno nunca está por trás da câmera, ele é o próprio dançarino da sua música, e como ele gosta de dizer “sua vida tem sido como a dança do acaso”.
Seu corpo torna-se uma entidade escultural uma expansão da natureza e do tempo, seus braços, pernas e dorso assumem uma nova identidade convidando e inspirando o espectador a fazer sua própria coreografia. Sempre nu e na grande maioria das vezes sem aparecer o seu rosto interage com o ambiente físico e constitui uma contribuição única para a arte contemporânea. Ele planeja e desenha cada imagem como um diretor de arte, mas não as manipula e nem trabalha com assistentes para a produção, preferindo manter a tradição do seu processo criativo há mais de 45 anos, seguindo o conceito “O que acontece dentro de sua mente , pode acontecer numa câmera” que ele criou para a Minolta quando era redator numa agencia de publicidade no início de sua carreira. Quem imaginaria que corpo humano dele fosse capaz destas perspectivas criativas, posições inesperadas e torções desafiando os conceitos da corporalidade e toda sua forma não familiar, transformando as paisagens naturais e urbanas em ambientes ao mesmo tempo universais e surreais alterando nossa compreensão visual . Sua humanidade, criatividade, elegância e paixão pelo ofício reflete diretamente nas imagens que mimetizam a geometria da natureza, que nos provoca, nos faz rir e muitas vezes duvidar da própria gravidade.
João Kulcsár Curador
























