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Sebastião Salgado

Sebastião Salgado - Êxodos – Making Of

Imagens que movem o homem

O projeto Êxodos de Sebastião Salgado tem o objetivo de registrar o processo de movimentação e da condição humana com todas as suas implicações. Esta exposição abre espaços para reflexões e debates. A mostra reúne uma seleção de contatos, suas respectivas fotos e as mais importantes revistas que publicaram este material. Observando os contatos, temos a oportunidade imediata de conhecer a alma do fotógrafo, seu pensamento, suas escolhas, saber o exato momento do click. Salgado abre de uma maneira visceral seu processo de trabalho, o qual não deve ter sido fácil. Do material impresso em jornais e revistas, Salgado diz que “essas imagens estão relacionadas de forma direta com nossas vidas, tornando-se um amplo meio de informação”, quebra assim, nossa imagem como observadores, colocando-nos como parte da cena. Este tipo de fotografia é chamado documental, pela origem medieval da palavra –documentum - pressupõe se um papel oficial, uma evidência, uma verdade, enfim um dos clichês da fotografia “a câmera não mente”. Entre alguns fotógrafos documentais podemos citar: Roger Fenton, Lewis Hine, Walker Evans, August Sander, Robert Capa e Jacob Riis. Em termos de influência, muito relacionam o trabalho de Salgado com o de Henry Cartier-Bresson e Eugene Smith. Com Cartier-Bresson a proximidade aponta para a composição, a relação harmônica entre os objetos fotografados. Entretanto a grande diferença entre os dois é a temática, que se para Bresson não é importante, para Salgado revela-se fundamental. Por sua vez suas fotografias seguem tradição do fotojornalismo de Eugene Smith: do absoluto engajamento social e político expresso no seu trabalho; da solidariedade com o fotografado; da temática do meio ambiente mostrada por Smith como no ensaio sobre Minamata em 1972. De qualquer forma o trabalho de Salgado tem a rara habilidade engajada de Smith. Alguns alunos sempre me questionam sobre o que é uma boa fotografia, ao meu ver uma boa foto não é só aquela que informa, mas a que move. Creio que é isso, na essência, que encontro nas fotos de Sebastião Salgado, a motivação e a inspiração para que a imagem possa ser uma ferramenta de percepção para transformar o nosso mundo.
João Kulcsár - Curador - 2000

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