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Henri Cartier-Bresson

HCB, as primeiras influências, as primeiras fotografias

Henri Cartier-Bresson é um dos mais importantes e influentes fotógrafos do século XX. Nessa mostra inédita no Brasil podemos perceber o percurso de um jovem fotógrafo tanto quanto abranger suas influências, seus deslocamentos e aventuras durante um período de intensa liberdade e compromisso pelo acaso.
O recorte narrativo se inicia aos 24 anos, após adquirir uma câmera Leica na cidade de Marselha, inclui as viagens pela Espanha, França, Itália, México, entre outros países, e termina em 1935, quando decide incursionar pelo cinema e ser aprendiz desse outro processo que o fascinava.
Vindo de uma família de classe média alta de Paris, quando muito jovem Bresson ganhou uma câmera fotográfica modelo Box Brownie. Mas ela não foi sua primeira paixão, e sim a pintura. “Eu comecei pintando e desenhando. E para mim, a fotografia era um meio de desenhar”, admite ele, cujo repertório se maturava a partir de referências clássicas que vinham de uma história da arte antecessora à fotografia.
As narrativas visuais que Cartier-Bresson aprimorou são resultado de suas aspirações artísticas, que se iniciaram nos anos 1920 na Academia de André Lhote por meio da expressividade da pintura e da descoberta de composições que o impulsionavam a descobrir outras formas de enquadramento e extensão da imagem. Sua influência deu-se especialmente mediada por seu diverso grupo de amizades, entra as quais destacavam-se a de Max Ernst e os encontros sucessivos com os percursores do surrealismo (conduzidos por André Breton), alcançando assim seu aprendizado inicial que se desdobrava também em viagens que fazia, como a da África, por exemplo, onde chegou a permanecer por mais de um ano.
Outra referência desta mostra são as exposições iniciais feitas por HCB. A primeira aconteceu no ano de 1933 na Galeria de Julien Levy, em Nova York, intitulada “Anti-Graphic Photography”. Na segunda, no Palácio de Belas Artes da cidade do México, em 1935, e novamente na Galeria de Julien Levy, “Documentary and anti-graphic photographs” no mesmo ano, adicionou fotos de suas viagens ao México e à Espanha e expôs ao lado de Manuel Álvares Bravo e Walkers Evans, que eram ainda pouco conhecidos naquela época.
Sempre consternado com muitas questões que pudessem tornar a fotografia de certa forma harmoniosa, ele se empenhava em difundir um senso de geometria ímpar, que o seguiu em suas produções. Seu trabalho fotográfico exercitou a liberdade e o instinto impulsivo do olhar, presentes acima de tudo em seu jeito de pensar, falar, sentir e viver intensamente, pois conforme ele mesmo relata, a “fotografia envolve o corpo, os olhos, o movimento e a dança”.
Em suas jornadas, nas quais que passava os dias flanando, sua busca sempre se inclinava pela casualidade de cenas subitamente impensáveis e pela caça ao ‘momento decisivo’, conceito originalmente publicado em seu livro homônimo de 1952, e que até hoje influencia muitos fotógrafos ao redor do mundo. O que podemos apreciar aqui é sua poesia e sensibilidade, inerentes a um senso de intuição emotiva muito intenso, que desvendava a filosofia por trás do percurso visual de suas primeiras fotografias.

Joao Kulcsár
Curador

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